quarta-feira, 15 de junho de 2016

O Livro Fantasma - 2ª parte


2ª PARTE

De qualquer modo, e por terem já aparecido contrafações do livro, escrevo este artigo para ajudar a reconhecer the real mc coy.

Nem sequer me vou referir aos problemas que envolvem a data de publicação deste volume, incerta e debatida ad nauseam em sites excelentes, como, por exemplo, o do João Vagos, trabalho exaustivo de pesquisa e imagemque reúne capas impecavelmente fotografadas de diversas coleções emblemáticas, ligadas à ficção cientifica:  http://coleccaoargonauta.blogspot.pt/ . O objetivo assumido deste artigo é o de estabelecer, duma vez por todas, referências que permitam a um potencial comprador distinguir o trigo do joio literário (que também o há...). 
 

Em princípio, o que aparece com alguma frequência é o volume duplo, comemorativo dos 200 números da Vampiro. Imitando a Ace Double, coleção americana que congregava dois livros no mesmo volume, lá aparece dum lado O Caso da Vela Torcida, de Erle Stanley Gardner, e do outro Estação de Trânsito, de Clifford D. Simak.

Devido à raridade da outra edição, é este quase o único meio que os leitores tem para apreciar esta obra (a não ser que a leiam no original inglês). Para mim, Simak tem outras bem melhores, mas os gostos são estritamente pessoais, e também não os discutirei aqui. Pelo que dizem, não se discutem (se bem que, às vezes, se tenham de aturar...).

Suponhamos que quero comprar um 130-A (e quem não quer?!). Aparece na net uma pessoa a vende-lo por um preço acessível. Ótimo, mas… já apareceram contrafacções do livro, produzidas através da manipulação do vampiro 200… então, como ver se o produto é fidedigno? 
 

A primeira referência para reconhecer a edição verdadeira é que ela é single, e não dupla. 
 

A capa: em geral, a capa da Vampiro tem cores menos saturadas, mais suaves do que a da Argonauta; esta última, para além da saturação cromática, apresenta os brancos com uma dominante amarelada intensa, talvez devida à passagem do tempo. 


Capas de Vampiro 200 e de Argonauta 130-A












Uma característica comum às duas capas é que, no extremo superior (em verde oliva, e contendo a menção “os grandes romances de ficção científica”), a última letra está semicortada, apresentando uma guilhotinação exagerada, o que faz com que apareça apenas a perna esquerda do A final. As capas das imitações tendem a apresentar o A completo.

A contracapa: A contracapa da Vampiro apresenta a capa do Caso da Vela Torcida, de pernas para o ar; a da Argonauta é como segue na foto.

Contracapas de Vampiro 200 e de Argonauta 130-A


A lombada: A da Vampiro tem cor azul forte, com os títulos em preto e os autores em branco, lado a lado; a da Argonauta tem cor dada por um filete fino, vermelho (que devido ao tempo se apresenta mais acastanhado), com as letras impressas a preto.

Lombadas de Vampiro 200 e de Argonauta 130-A












A primeira página: Enquanto na Vampiro o título aparece em tipo mais pequeno e chegado à direita, na Argonauta o tipo é maior e mais espaçado; em baixo aparece uma advertência ao leitor, que na Vampiro constitui uma mancha gráfica à esquerda, e na Argonauta, à direita 

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1ª pág. Argonauta 130-A
1ª pág. Vampiro 200











 

A segunda página: A segunda página da Vampiro aparece nua, enquanto na Argonauta aparece a lista das obras anteriores e a publicar.



2ª pág. Vampiro 200


2ª pág. Argonauta 130-A















A terceira página: A da Vampiro refere-se ao facto de ser um número comemorativo, com o número, um volume duplo e o logotipo respetivo (o morcego de asas abertas); a da Argonauta mostra o número 130 – A, o logotipo LB dos Livros do Brasil e o da coleção Argonauta (o ícaro voando em direção a uma estrela). 


 
3ª pág. Vampiro 200
3ª pág. Argonauta 130-A

















A quarta página: A única diferença reside em que, na Vampiro menciona-se em rodapé que o livro foi feito nas oficinas gráficas de Livros do Brasil, Rua dos Caetanos, 22, Lisboa; na Argonauta aparece apenas – Oficinas Gráficas de Livros do Brasil, Limitada. 



4ª pág. Argonauta 130-A
4ª pág. Vampiro 200














O fim de qualquer dos livros apresenta o próximo volume da coleção Argonauta como sendo O Signo do Cão, de Jean Hougron, em forma de sinopse.

 
última pág. de qualquer dos livros mencionados

 Cadernos das duas edições: qualquer das duas edições é composta por cadernos de 16 folhas, que se reúnem para formar o corpus do livro; estes cadernos estão marcados na parte esquerda do rodapé em tipo miúdo com a menção: nº do caderno + V. 200; assim, nas primeiras 16 folhas temos o primeiro caderno (sem marca), na pág. 33 temos o segundo (2-V. 200), na pág. 65, o terceiro (3-V. 200), na pág. 97, o quarto (4-V. 200), na pág. 129, o quinto (5-V. 200), na pág. 161, o sexto (6-V. 200) e na pág. 193, o sétimo e último (7-V. 200). Lê-se portanto “caderno 7 da Vampiro 200”. 

caderno 2

caderno 5
 
E pronto, de posse destes elementos a todos será fácil abrir a pestana e evitar adquirir qualquer produto menos próprio. Até à próxima, fiquem bem e sobretudo leiam FC!


José Paula Santos

1 comentário:

  1. Ena, um conjunto de informações muito úteis, que finalmente desvendam muitas das questões e dúvidas que se colocam relativamente a quem anda à procura do mítico nº 130-A!Estou convencido de que a comunidade dos coleccionadores da Colecção Argonauta ficará muito agradecida!

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